SEICAP ÁVILA 2013 - page 104

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Prebióticos, probióticos e doença alérgica
co aos que tinham sido alimentados exclu-
sivamente com leite materno.
Conclusões semelhantes são tiradas pela
ESPGHAN
, ao referir, que no momento
actual, existem dificuldades em tirar con-
clusões acerca da utilidade clínica dos
pre-
bióticos
, nomeadamente nos seus efeitos
a longo prazo, pelo que não recomenda o
uso por rotina de fórmulas suplementadas
com
prebióticos
.
Os
probióticos
parecem interagir com o pa-
pel da flora intestinal, da barreira mucosa
e do sistema imunológico intestinal, impor-
tante na manutenção do equilíbrio da saúde
humana, tendo implicações na manutenção
destes sistemas, em fases precoces e deter-
minantes do desenvolvimento humano.
Amicroflora intestinal é contituída por uma
biomassa de 100.000 biliões de microorga-
nismos de mais de 500 estirpes diferentes.
A esta microflora são atribuídas funções
importantes: nutritivas e metabólicas, de
protecção e de modulação e regulação do
sistema imunológico.
Nos lactentes alimentados com leite ma-
terno a flora intestinal apresenta um fran-
co predomínio de
Bifidobactérias
, embora
também existam
Lactobacillus
e
Estrepto-
coccus
, enquanto que nos lactentes alimen-
tados a leite artificial a sua flora é mais com-
plexa, mais diversificada, com predomínio
de
Bacterioides
, embora contendo também
Bifidobactérias
(de espécies diferentes das
encontradas nos lactentes amamentados),
E. Coli
,
Clostridium, Estafilococcus
.
O leite materno contem inúmeros compo-
nentes bioactivos, incluindo alguns com
efeito probiótico, contribuindo para o de-
senvolvimento duma flora microbiana in-
testinal mais favorável à saúde e bem-estar
do individuo.
A
ESPGHAN
em 2004 aprovou a adição de
probióticos
a fórmulas de continuação es-
peciais, aconselhando que o suplemento
de outras fórmulas só poderia ter lugar so-
bre supervisão médica.
Em 2011 reviu este parecer, não apurando
efeitos clínicos consistentes na adminis-
tendo portanto valor nutricional directo,
vão proporcionar o crescimento de estirpes
com efeito benéfico para o organismo (
Lac-
tobacillus
e
Bifidobactérias
) contribuindo
para o desenvolvimento duma flora intes-
tinal saudável.
Os oligossacáridos sintéticos mais sim-
ples, como os fruto-oligossacáridos (FOS)
e os galacto-sacáridos (GOS), constituem,
quando misturados em proporções e do-
sagens específicas, os
prebióticos
.
Estes possuem efeitos “bifidogénicos” que
perduram meses após o período de suple-
mentação.
Este papel modulador do sistema imunitá-
rio parece ter efeito na diminuição do risco
alérgico.
Um estudo, randomizado, controlado com
placebo, englobando 150 lactentes, de-
monstra que em lactentes de risco atópico
(por história familiar de atopia) a evidência,
com significado estatístico, de uma diminui-
ção da incidência de dermatite atópica até
aos 6 meses de idade quando alimentados
com leite suplementado de uma mistura de
GOS/FOS, ao mesmo tempo que conferia
uma maior protecção contra infecções e
consequentes episódios de sibilância.
Estes efeitos protectores parecem manter-
se até aos 2 anos de idade.
Outros estudos mostram efeito “bifidogé-
neo”, com maior contagem fecal de
bifido-
bactérias
, no grupo que recebeu leite com
mistura de GOS/FOS.
Quanto ao perfil de segurança, em inúme-
ros estudos, não se demonstrou que a adi-
ção de oligossacáridos nos leites artificiais
alterem o perfil de crescimento dos lacten-
tes, pelo que se aceita que são nutricional-
mente seguros, mostrando boa tolerância.
Uma meta-análise de 2008, de 11 estudos,
envolvendo 1500 crianças que iniciaram
leites infantis suplementados com
prebi-
óticos
antes dos 28 dias de vida e conti-
nuado pelo menos durante duas semanas,
mostrou que o seu crescimento era idênti-
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