SEICAP ÁVILA 2013 - page 103

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Prebióticos, probióticos e doença alérgica
Dr. Libério Ribeiro
Presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia Pediátrica
Os benefícios do aleitamento materno são
consensuais, compreendendo não só pro-
tecção contra as infecções, mas também
minorando o desenvolvimento de alergias.
Estes efeitos devem-se, em grande parte, à
particularidade da flora intestinal, que nos
lactentes alimentados ao peito, é predomi-
nantemente constituída por
Lactobacillus
e
Bifidobactérias
A flora intestinal interage com o epitélio e
com o sistema imunitário, tendo um efei-
to imunomodulador e de protecção contra
infecções.
Ao nascer o intestino do lactente é estéril.
A colonização intestinal inicia-se no pró-
prio processo de nascimento, quando o
bebé passa no canal de parto.
Além do tipo de parto (cesareana ou vagi-
nal), a alimentação do lactente (leite ma-
terno ou artificial) é um dos factores que
mais influenciam o desenvolvimento da
flora intestinal.
Os lactentes alimentados com leite mater-
no desenvolvem uma flora intestinal consi-
derada mais saudável, com predomínio de
Bifidobactérias
e
Lactobacillus
. Esse efeito
“bifidogénico” do leite materno, depende,
em grande parte, de oligossacáridos do leite
materno que funcionam como
prebióticos
.
Prebióticos
, segundo o
Comité
de Nu-
trição da
ESPGHAN
são “
Componentes
alimentares não digeríveis, que afectam
favoravelmente o hospedeiro através da
estimulação selectiva do crescimento e/ou
da actividade de um limitado numero de
bactérias do cólon
”.
Ao chegarem intactos ao cólon, os oligossa-
cáridos, dado que não são absorvidos, não
O aumento da prevalência das doenças
alérgicas nas últimas décadas, acompanha-
do de ummelhor conhecimento do sistema
imunitário, implicam um olhar, não só para
a componente genética e ambiental, mas
também a procura da importância da ali-
mentação nos primeiros meses de vida.
A microbiota intestinal no periodo post-
natal é um dos factores essenciais para o
desenvolvimento apropriado do sistema
imunitário em termos de regulação e indu-
ção e manutenção da tolerância a factores
ambientais e de auto-antigéneos.
A composição da microflora intestinal di-
fere entre lactentes saudáveis e alérgicos
e em países com alto e baixo risco de aler-
gias. Estas diferenças são observadas nas
primeiras semanas de vida, precedendo
os sintomas, sugerindo o seu papel causal
nas doenças alérgicas.
Esta evidência suporta uma base racional
para a modificação da microflora intesti-
nal, procurando modular a resposta imu-
nológica da criança.
Os
prebióticos
, ingredientes dietéticos se-
lectivamente fermentados, que resultam em
mudanças especificas na composição e/ou
actividade da microbiota intestinal, confe-
rindo-lhe benefícios e os
probióticos
, orga-
nismos vivos, que quando administrados
em quantidades adequadas, conferem um
beneficio para o hospedeiro, ambos podem
modular precocemente o desenvolvimento
da microbiota intestinal e daí serem propos-
tos para a prevenção das doenças alérgicas.
O conceito de alimentos funcionais ultra-
passa o seu contributo nutricional propor-
cionando ao organismo também efeitos
benéficos na vertente da imunidade.
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